Relação de longa distância: Porque é que a McDonald's se recusou a acumular Bitcoin

Os acionistas da McDonald's propuseram a criação de uma reserva de Bitcoin. No entanto, a equipa jurídica da empresa encontrou uma razão para rejeitar a ideia. Agora, a cadeia de fast-food, que está de olho nas criptomoedas há anos, pode perder uma tendência promissora.
Há algumas semanas, o Centro Nacional de Políticas Públicas - um think tank e acionista do McDonald's - instou a liderança da rede de fast-food a adquirir o Bitcoin como um ativo de reserva.
"O McDonald's é amplamente considerado - principalmente pelo ex-CFO e presidente Harry Sonneborn - como uma empresa imobiliária que por acaso vende hambúrgueres. O imobiliário tem sido, de facto, uma reserva de valor mais fiável do que o dinheiro ou as obrigações, mas não se valorizará tanto como a Bitcoin e não tem a liquidez da Bitcoin. À medida que mais e mais empresas adicionam Bitcoin aos seus balanços, se a McDonald's não seguir o exemplo, corre o risco de ficar para trás - onde antes liderava", afirmaram os acionistas, inspirados por empresas como a Strategy e a Metaplanet.
A equipa jurídica da McDonald's ficou intrigada com a proposta e contactou a Comissão de Títulos e Câmbio dos EUA (SEC) para obter esclarecimentos. A resposta do regulador foi breve: A McDonald's tem o direito de rejeitar a proposta, uma vez que esta se insere no âmbito das operações comerciais normais da empresa. Ninguém pode obrigar a empresa a deter Bitcoin.
Experiências com criptomoedas da McDonald's
O McDonald's se interessou pela primeira vez por criptomoedas em 2021 - em meio a um aumento no entusiasmo global por ativos digitais. Nesse ano, a empresa registou várias marcas relacionadas com produtos digitais e anunciou a sua intenção de se adaptar à nova realidade digital.
Em abril de 2021, o McDonald's começou a implementar seus planos lançando uma série de NFTs com base em seus itens de menu mais icônicos. Esses tokens foram carregados no mercado OpenSea e sorteados entre os clientes.
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Em setembro desse mesmo ano, El Salvador tornou-se o primeiro país do mundo a reconhecer a Bitcoin como moeda com curso legal. O McDonald's aproveitou o momento e, juntamente com a Pizza Hut e a Starbucks, começou a aceitar pagamentos em criptomoeda no país.
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O próximo passo veio no espaço da realidade virtual. A McDonald's apresentou pedidos de registo de marca para criar restaurantes virtuais e vender activos digitais no metaverso. No entanto, a iniciativa não foi além do registo de marca. Como os metaversos não conseguiram ganhar popularidade generalizada, a empresa optou por não seguir esta direção.
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Outro lugar onde se pode comprar hambúrgueres com criptomoedas é Lugano. A pequena cidade suíça lançou um experimento em março de 2022 chamado Plano B - onde Bitcoin, USDT e o token LVGA local ganharam status de pagamento. Desde então, os restaurantes locais do McDonald's aceitam Bitcoin e USDT.
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Manter a distância
O McDonald's foi uma das primeiras grandes empresas a mostrar interesse em criptomoedas. A cadeia de fast-food até experimentou ativos digitais - de projetos NFT a aceitar pagamentos de Bitcoin em países selecionados como El Salvador e Suíça. No entanto, essas etapas foram mais orientadas para o marketing do que um pivô estratégico em direção a uma economia de criptografia.
A decisão de rejeitar a proposta de reserva de Bitcoin confirmou ainda mais que o McDonald's ainda não está pronto para integrar a criptomoeda em seu modelo financeiro. Apesar dos apelos dos acionistas e do crescente interesse institucional em activos digitais, a empresa exerceu o seu direito de não trazer a proposta para a ordem de trabalhos, citando motivos legais.
Enquanto os concorrentes se adaptam à nova realidade económica, a McDonald's não tem pressa em alterar o seu modelo de negócio. Esta abordagem conservadora pode preservar a estabilidade da empresa - mas pode também custar-lhe a oportunidade de ser pioneira numa nova era financeira.