De prisioneiro a milionário: A nova vida de Ross Ulbricht

Em janeiro de 2025, Ross Ulbricht, fundador do primeiro mercado da darknet, o Silk Road, foi libertado após cumprir 12 anos de prisão. Ele recebeu um perdão total do presidente dos EUA, Donald Trump, cumprindo uma de suas promessas de campanha mais importantes. O que mais chama a atenção nessa história não é apenas o perdão em si, mas o fato de que, em menos de meio ano após ser libertado, Ulbricht tornou-se milionário.
Como tudo começou
No início da década de 2010, Ross Ulbricht lançou o Silk Road - um mercado on-line anônimo que operava na darknet e aceitava apenas Bitcoin. A plataforma rapidamente se tornou lendária: dezenas de milhares de transações eram realizadas diariamente, envolvendo mercadorias ilegais, como drogas, armas e documentos falsificados. As autoridades dos EUA chamaram o Silk Road de "o mercado criminoso mais sofisticado e extenso da Internet".
Em 2013, Ulbricht foi preso e, em 2015, foi condenado a duas penas de prisão perpétua mais 40 anos sem possibilidade de liberdade condicional. As acusações incluíam conspiração para cometer lavagem de dinheiro, invasão de computadores e tráfico de drogas.
No momento de sua prisão, Ross Ulbricht controlava aproximadamente 144.000 BTC, armazenados em seu laptop pessoal. Naquela época, esses ativos valiam cerca de US$ 17,4 milhões, com base no preço de mercado do Bitcoin de cerca de US$ 121 por moeda.
Após sua prisão, o FBI confiscou todos os seus bens. Em 2014, o governo dos EUA leiloou 29.657 BTC por aproximadamente US$ 18 milhões. Os 144.336 BTC restantes permaneceram sob controle do governo e também foram vendidos posteriormente.
Levando em conta o aumento do Bitcoin para mais de US$ 100.000 em 2025, esses ativos valeriam agora mais de US$ 15 bilhões.
Além disso, de acordo com o analista de blockchain Conor Grogan, acredita-se que existam carteiras vinculadas a Ulbricht que ainda mantêm cerca de 430 BTC. Esses fundos permaneceram intocados por mais de 13 anos, e não está claro se Ulbricht tem acesso às chaves privadas.
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Apoio da comunidade de criptografia
Apesar da seriedade das acusações, Ross Ulbricht tornou-se uma figura cultuada na comunidade de criptomoedas durante seus anos atrás das grades - especialmente entre aqueles que veem o Bitcoin não apenas como uma ferramenta financeira, mas como uma ideia política de descentralização e liberdade. Muitos o viam como uma vítima da abordagem repressiva do sistema judiciário dos EUA. Por meio da plataforma Free Ross, os ativistas angariaram apoio financeiro e moral para ele. Ao longo dos anos, mais de 600.000 pessoas assinaram uma petição exigindo seu perdão, e a campanha foi apoiada por influenciadores de criptografia, libertários e várias figuras públicas.
Depois que Donald Trump anunciou oficialmente o perdão total de Ulbricht, grande parte da comunidade de criptomoedas recebeu a notícia com entusiasmo. Para muitos, foi mais do que apenas um ato de misericórdia - foi uma declaração política de apoio à descentralização e à tecnologia de criptografia.
Ben Sigman, autor do The Big Bitcoin Book, classificou a libertação de Ulbricht como uma grande vitória contra o exagero do governo. Em um post no X, ele enfatizou que a questão não era apenas sobre Ross, mas sobre o poder mais amplo do Estado e sua capacidade de esmagar indivíduos com definições legais vagas.
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Após a libertação de Ulbricht, a campanha Free Ross recuperou o ímpeto. No início de junho, mais de US$ 130.000 haviam sido arrecadados em seu apoio, incluindo uma doação de 1 BTC. A empresa de pagamentos Strike também lançou uma linha de produtos em sua homenagem, com todos os lucros - após as despesas - indo diretamente para Ross.
Como Ulbricht voltou a ser milionário
O maior momento financeiro para Ross após sua libertação ocorreu em 30 de maio de 2025, quando uma carteira associada a ele recebeu uma transação de 300 BTC - no valor de aproximadamente US$ 31,4 milhões na época. Os analistas da Arkham Intelligence confirmaram a transferência e observaram que os fundos foram encaminhados por meio do misturador de Bitcoin Jambler, dificultando o rastreamento de sua origem.
O investigador de blockchain ZachXBT descartou a especulação de que as moedas faziam parte do antigo estoque do Silk Road. Segundo ele, tratava-se de uma doação única e genuína de um benfeitor anônimo - provavelmente a maior já recebida na história da campanha Free Ross.
Além disso, Ulbricht realizou um leilão de itens pessoais por meio da plataforma NFT Scarce City. Os lotes incluíam carteiras de identidade da prisão, pinturas criadas atrás das grades e as roupas que ele usava quando foi solto, como um agasalho e tênis. Outros itens incluíam um saco de dormir, uma mochila, um cadeado de armário e um tambor djembe. A receita total ultrapassou US$ 1,8 milhão em Bitcoin. O item mais caro foi uma carteira de identidade da prisão com o sorriso de Ross, que foi vendida por 5,5 BTC (mais de US$ 580.000).
Retorno à vida pública
Depois de ser libertado no início de 2025, Ross Ulbricht voltou rapidamente aos holofotes. Sua primeira aparição pública ocorreu no palco principal do Bitcoin 2025 em Las Vegas, um dos maiores eventos do setor. A multidão o aplaudiu de pé e sua presença provocou emoções intensas em todo o salão.
Do palco, Ulbricht agradeceu a todos que o apoiaram durante seu tempo na prisão e pediu à comunidade que se mantivesse fiel aos valores sobre os quais o movimento criptográfico foi construído: descentralização, liberdade, transparência e apoio mútuo.
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O que vem a seguir?
Hoje, estima-se que o portfólio de criptomoedas de Ulbricht ultrapasse US$ 33 milhões, levando em conta a doação de 300 BTC e os lucros do leilão. Além disso, alguns relatórios sugerem que cerca de 430 BTC permanecem intocados em carteiras vinculadas ao Silk Road - moedas que não foram gastas nem confiscadas.
O próprio Ross diz que agora quer se concentrar no trabalho público: palestras, divulgação educacional e apoio a novos projetos descentralizados. Ainda não se sabe se ele se tornará um verdadeiro líder da comunidade de criptomoedas ou se continuará sendo um símbolo de rebelião. Mas uma coisa é certa: seu retorno reacendeu conversas profundas sobre moralidade, justiça e o verdadeiro custo da liberdade no mundo das criptomoedas.