Libra esterlina cai com o BoE a manter as taxas estáveis num contexto de riscos comerciais crescentes
GBP/USD enfrenta resistência em 1,3000 depois de o BoE manter as taxas estáveis, devido a preocupações com a política comercial
A libra esterlina recuou ligeiramente abaixo da marca dos $1,30, depois de ter atingido um máximo de quatro meses, com o Banco de Inglaterra (BoE) a manter a sua taxa de juro de referência em 4,5% e a reiterar uma abordagem gradual à flexibilização da política monetária. Apesar do arrefecimento da inflação, o banco central sinalizou que os custos de empréstimos mais elevados podem persistir por mais tempo devido às incertezas económicas e aos riscos da política comercial.
Ao mesmo tempo, as tarifas dos EUA sobre as principais importações levantaram preocupações sobre potenciais pressões inflacionistas, o que poderia complicar as perspectivas de política monetária dos bancos centrais. Os investidores acompanharam de perto os novos dados do mercado de trabalho do Reino Unido, com a taxa de desemprego a manter-se nos 4,4%, enquanto o crescimento dos salários se moderou para 5,8%, em linha com as expectativas. A Reserva Federal também deixou a sua taxa de referência inalterada, mantendo a sua previsão de dois cortes nas taxas de juro ainda este ano.
Dinâmica de preços GBP/USD (Fev 2025 - Mar 2025) Fonte: TradingView.
A posição cautelosa do BoE e os riscos económicos
A decisão do BoE de manter as taxas estáveis era amplamente esperada, com oito dos nove membros do Comité de Política Monetária (MPC) a votarem a favor da manutenção das taxas, enquanto um dissidente apoiou um corte de 25 pontos base. O Governador Andrew Bailey reafirmou que a política monetária está a seguir uma trajetória gradualmente descendente, sugerindo que os cortes nas taxas poderão ser mais lentos do que as expectativas do mercado.
Entretanto, os últimos dados sobre o emprego revelaram que o crescimento do emprego no Reino Unido abrandou para 144 mil novos postos de trabalho, em comparação com 107 mil nos três meses anteriores. O crescimento dos salários, um dos principais motores da inflação, manteve-se forte em 5,9%, mas mostrou sinais de abrandamento, reforçando as expectativas de que os decisores políticos do BoE irão acompanhar de perto as condições do mercado de trabalho antes de se comprometerem a reduzir as taxas.
A decisão do governo do Reino Unido de aumentar as contribuições para o seguro nacional (NI) dos empregadores de 13,8% para 15% em abril também suscitou preocupações quanto a um potencial abrandamento das contratações. As empresas estão alegadamente a considerar congelar os planos de contratação, o que poderá enfraquecer a resistência do mercado de trabalho nos próximos meses.
Perspectivas técnicas: GBP/USD enfrenta resistência em 1,3000
A libra esterlina tem mantido os ganhos em relação ao dólar americano, mas o último recuo sugere a realização de lucros perto do nível psicológico chave de 1,3000. Os indicadores técnicos permanecem em alta, com as médias móveis exponenciais de 20 e 50 dias (EMAs) em 1,2850 e 1,2705, respetivamente, oferecendo um forte apoio.
O Índice de Força Relativa (RSI), que tinha atingido o território de sobre-compra acima de 70,00, arrefeceu agora para 60,00, sinalizando uma potencial retomada da tendência ascendente. Se o GBP / USD sustentar um movimento acima de 1,3000, a próxima resistência encontra-se em 1,3100, a alta de 15 de outubro. No entanto, um fracasso em manter-se acima deste nível poderia ver uma retração para 1,2770, alinhando com o nível de retração Fibonacci de 50%.
Historicamente, a capacidade do GBP/USD de se manter acima do nível 1,3000 tem sinalizado uma forte dinâmica de alta, impulsionada pelas expectativas da política monetária e por factores económicos externos. Como discutido em análises anteriores, a orientação do BoE sobre a inflação e as condições do mercado de trabalho desempenha um papel crucial na definição da direção da libra. Além disso, os riscos do comércio global, em particular os relacionados com as tarifas e políticas económicas entre os E.U.A. e a UE, acrescentaram volatilidade aos movimentos do GBP/USD.
