04.04.2025
Oleg Tkachenko
Autor e especialista da Traders Union
04.04.2025

As acções europeias caem com os receios de recessão global provocados pelas tarifas aduaneiras dos EUA

As acções europeias caem com os receios de recessão global provocados pelas tarifas aduaneiras dos EUA As acções europeias registam a pior perda semanal em três anos

As acções europeias foram fortemente atingidas na sexta-feira, com as preocupações sobre uma recessão global a aumentarem após o anúncio de tarifas agressivas dos EUA sobre os principais parceiros comerciais.

O índice pan-europeu STOXX caiu 1,8% às 08h15 GMT, marcando a sua maior perda semanal em três anos. Com as perdas a chegarem aos 5% durante a semana, este é o declínio mais acentuado do índice desde fevereiro de 2022, uma vez que os investidores ajustaram as suas perspectivas de crescimento económico no meio da escalada das tensões comerciais, informa a Reuters.

A decisão dos EUA de impor uma tarifa efectiva de 20% sobre os produtos europeus desencadeou um efeito de onda em toda a região. Os comerciantes já começaram a apostar em cortes nas taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) para ajudar a amortecer o impacto económico. As expectativas apontam agora para uma redução da taxa de um quarto de ponto no final deste mês, com dois cortes adicionais previstos até ao final de 2025.

Impacto económico e ação do BCE

Os economistas do Deutsche Bank alertaram para o facto de as tarifas americanas poderem ter um impacto significativo nas economias europeias, prevendo que as tarifas possam reduzir o PIB da zona euro em 0,4 a 0,7 pontos percentuais e o PIB do Reino Unido em 0,3 a 0,6 pontos percentuais. Consequentemente, o BCE está sob pressão para atuar, com os analistas a preverem uma flexibilização monetária para apoiar o crescimento.

Esta situação levou a expectativas de que o BCE irá reduzir as taxas nos próximos meses para ajudar a atenuar o golpe na inflação e na atividade económica. Em resposta às tarifas, espera-se que a França, juntamente com outros Estados-Membros da UE, implemente medidas recíprocas em meados ou finais de abril, aumentando ainda mais a incerteza sobre o impacto das actuais disputas comerciais entre os EUA e a Europa.

Perdas no sector e sentimento dos investidores

O sector bancário suportou o peso da venda, com os bancos europeus a perderem 11% em apenas duas sessões - as suas perdas mais acentuadas desde março de 2020. A incerteza económica em torno das tarifas dos EUA diminuiu o sentimento dos investidores, levando a quedas generalizadas em todo o continente.

Embora existam preocupações quanto ao impacto imediato no crescimento, alguns analistas continuam optimistas quanto às perspectivas a médio prazo. Davide Oneglia, analista do TS Lombard, salientou que os estímulos orçamentais e os cortes nas taxas do BCE, que deverão entrar em vigor no final deste ano e até 2026, poderão vir a impulsionar a economia.

Entretanto, os 500 indivíduos mais ricos do mundo perderam coletivamente 208 mil milhões de dólares na quinta-feira, marcando uma das maiores quedas de riqueza num único dia na história recente, depois de o anúncio do Presidente Donald Trump de novas tarifas ter abalado os mercados financeiros globais.

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