A Noyb acusa o TikTok e a Xiaomi de violação da confidencialidade

O grupo austríaco de defesa da privacidade Noyb apresentou uma queixa contra várias empresas chinesas proeminentes, acusando-as de transferir ilegalmente dados de utilizadores da União Europeia (UE) para a China.
A queixa, apresentada na quinta-feira, nomeia empresas como a TikTok, a Shein, a Xiaomi e outras, alegando violações dos regulamentos de privacidade da UE ao abrigo do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), informa a Reuters.
Noyb desafia as empresas chinesas sobre a privacidade dos dados na UE
Esta é a primeira ação da Noyb (None Of Your Business) contra empresas chinesas, acusadas de violar as leis de privacidade da UE que restringem a exportação de dados pessoais para países com leis de proteção de dados mais fracas.
De acordo com a Noyb, empresas como o gigante do comércio eletrónico Alibaba, o seu site AliExpress, TikTok, Shein e Xiaomi admitiram abertamente o envio de dados pessoais dos utilizadores para a China. Além disso, o popular retalhista chinês Temu e o WeChat da Tencent são acusados de transferir dados para "países terceiros" não revelados, provavelmente a China.
Nos termos do RGPD, as transferências de dados para fora da UE só são permitidas se o país destinatário garantir uma proteção de dados equivalente às normas da UE. Noyb argumenta que a China, descrita como um "Estado de vigilância autoritário", não cumpre essas normas, o que torna essas transferências ilegais.
"É absolutamente claro que a China não oferece o mesmo nível de proteção de dados que a UE", afirmou Kleanthi Sardeli, advogado da Noyb especializado em proteção de dados. O grupo apela à suspensão imediata destas transferências de dados e pede multas que podem chegar a 4% das receitas globais de uma empresa.
Os actuais desafios regulamentares do TikTok
A queixa surge no momento em que o TikTok, propriedade da empresa chinesa ByteDance, enfrenta um controlo crescente por parte dos reguladores mundiais. A aplicação deverá ser proibida nos Estados Unidos a partir de domingo, em resposta a preocupações de segurança nacional, e está a ser investigada pela Comissão Europeia por não ter evitado a interferência eleitoral durante a votação presidencial na Roménia, em novembro.
Estas pressões regulamentares realçam ainda mais as preocupações crescentes sobre o tratamento de dados pessoais e a segurança, especialmente no que respeita às empresas tecnológicas chinesas que operam no Ocidente.
As acções da Noyb representam um impulso contínuo para uma aplicação mais rigorosa do RGPD e um escrutínio mais amplo das transferências internacionais de dados, que se estão a tornar um ponto focal no debate global sobre a privacidade digital.
Recentemente, escrevemos que as autoridades chinesas estão a ponderar um possível plano que poderia levar Elon Musk a assumir o controlo das operações do TikTok nos EUA, se a aplicação não conseguir evitar uma proibição iminente nos Estados Unidos.